Os mitos são histórias universais e atemporais, que refletem e moldam nossas vidas – exploram os desejos, os medos e os anseios – ao fornecer narrativas de um modelo ideal de valores e virtudes para transmitir o conhecimento, através da sua diversificada linguagem simbólica e arquetípica.
“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estarmos vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntima, de modo que realmente sintamos o enlevo de viver. É disso que se trata, afinal, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar, dentro de nós mesmos. Os mitos nos ensinam que você pode se voltar para dentro de si para captar a mensagem dos símbolos.” Joseph Campbel.
Os contos e os mitos do mundo céltico são crenças adormecidas e estão graficamente conservadas em vários livros, textos e poesias, que vão desde o irlandês “Lebor Gabála Érenn – O Livro das Conquistas” aos demais manuscritos medievais, as histórias de Taliesin e o Mabinogion – coletânea galesa escrita em prosa, como vimos na visão Sobre os Mitos Celtas, que os antigos bardos e seus descendentes contavam entre si.
As histórias serviam como elemento de educação para os jovens da nobreza céltica, pois seus personagens heroicos forneciam um modelo de comportamento guerreiro, próprio para juventude da época. Contudo, os mitos também forneciam representações lendárias de personagens reais, tão marcantes que foram bem preservados tanto na poesia bárdica como na memória coletiva.
Mesmo com a chegada do cristianismo, os contos orais não puderam ser destruídos, mas acabaram sendo adaptados ou cristianizados. Deuses celtas tornaram-se um único Deus e sacerdotes druídicos foram “substituídos” por monges católicos, caso contrário não restaria nenhum bardo vivo depois do século I para contar história. A Dra. Miranda Green cita os textos míticos irlandeses, como o Ciclo Mitológico e o Ciclo de Ulster, que contêm numerosos exemplos de profetas e druidas que, posteriormente, são apresentados como os aceitadores da nova fé, certamente um período de transição do paganismo e quando o Druidismo “sensu stricto” findou com o desaparecimento dos druidas clássicos.
A partir do século XVIII a tradição druídica renasceu e a história dos celtas manteve-se vívida através da memória ancestral das lendas e dos mitos, contadas em verso e prosa, por séculos afora. Os mitos celtas foram preservados por meio das tradições orais, dos registros escritos de monges cristãos, poetas e escribas medievais. Mas, antes precisamos entender as definições básicas, entre: lendas, mitos e contos.
– Lendas: narrativa de caráter maravilhoso, em que fatos históricos são transformados pela imaginação popular ou pela invenção poética. As lendas frequentemente contêm um elemento real.
– Mitos: narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobrenaturais e ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de acontecimentos históricos reais e/ ou fantasiosos.
– Contos: como gênero literário de ficção é a narrativa folclórica em prosa, tanto oral como escrita, transmitida através das tradições, lendas, canções e costumes populares de um país.
Portanto, o maior prodígio destas histórias são indiscutivelmente o fato de terem sobrevivido ao tempo, preservando a cultura céltica e fornecendo até os dias atuais, informações sobre este rico e encantador mundo celta, para que assim, possamos divulgar às gerações futuras. Que assim seja!
Rowena A. Senėwėen ®
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Entre os Mundos
Cruzando os céus de leste a oeste, de norte a sul
A alma percorre caminhos por entre as sombras da Lua
Onde espíritos da noite, envoltos pela névoa de prata
Brindam o entardecer na densidade do tempo que recua
Revelações escondidas, abaixo e acima das emoções
Nos mitos que vão muito além das espirais do saber
Nesta dança frenética sem fim, envolvente e sedutora
Refletem belas formas que começam a desaparecer
Seguem adiante e mergulham nesse mais belo azul
Para despertar nas terras da aurora prometida
Raízes ancestrais que circulam por entre os mundos
Resgatando a magia das lendas, outrora perdida
Rowena A. Senėwėen ®
Extraído do livro Brumas do Tempo
"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.