Atualmente, em nossas práticas pessoais, celebramos os solstícios, equinócios e os quatro grandes festivais: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.
Os grupos druídicos possuem sua própria ritualística e dinâmica, podendo seguir as adaptações do Hemisfério Sul, as datas originais do Hemisfério Norte ou a Roda Mista; portanto, cada um sentirá o que funciona melhor para si. Salientando que uma liturgia pancéltica provavelmente nunca existiu entre os celtas, a reconstrução moderna é uma forma de conexão ancestral e usamos o termo “Roda do Ano” para facilitar o entendimento.
As Celebrações têm como objetivo principal honrar os Deuses, os espíritos da natureza e os antepassados. Durante as comemorações, agradecemos e pedimos aos Deuses – que comandam tais mudanças – proteção, saúde, prosperidade, fertilidade, inspiração e paz.
O “Ano Celta” era dividido em duas metades: uma clara e a outra escura, quente e fria, que eram associadas ao verão e ao inverno, além da transição agrícola e pastoril, classificadas como:
– Festivais do Fogo: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh. (Lareira e Outro Mundo).
– Festivais Solares: Solstício de Inverno e Verão, Equinócio de Primavera e Outono. (Paisagem e Soberania).
Apesar de não haver nenhuma evidência concreta de que os celtas comemorassem os Festivais Solares, apenas os Grandes Festivais do Fogo, há relatos de cerimônias galesas que possuem fortes características sazonais associadas à terra, conforme nos diz J. A. MacCulloch, no livro “A Religião dos Antigos Celtas”, que sugere detalhes sobre os solstícios e os equinócios.
Por outro lado, alguns indícios mitológicos e arqueológicos confirmam que os celtas observavam as luas do ano e os eventos sazonais, como por exemplo, o solstício de verão que era celebrado em certas regiões da Irlanda e da Gália, geralmente, voltados aos Deuses: Áine, Manannán e Epona.
As celebrações anuais possuem simbolismos empíricos que despertam, harmonizam e unificam nossa energia com as estações do ano e os grandes festivais celtas do fogo; uma analogia ao caminho percorrido pela Terra em torno do Sol, aprofundando assim a nossa percepção sobre os ciclos da vida, da morte e do renascimento. Um forma de fazer as pazes com o Caos para que possamos construir nosso Cosmos interior.
Samhain representa o começo da metade escura do ano, em contrapartida a Beltane, que representa o começo da metade clara, e entre eles observamos os solstícios e os equinócios. Os festivais celebrados nas tradições irlandesas e galesas são:
Festival de Samhain: Festival do Fogo Parshell de Samhain O “Ano Novo Celta” 1° de Maio (HS) | 1° de Novembro (HN) | Solstício de Inverno: Festival Solar Alban Arthan – A Luz do Inverno Geimhreadh – A noite mais longa Em torno do dia 21 de Junho |
Festival de Imbolc: Festival do Fogo Cruz de Brighid A Festa de Brighid 1° de Agosto (HS) | 1° de Fevereiro (HN) | Equinócio de Primavera: Festival Solar Alban Eilir – A Luz da Terra Earrach – Dia e noite iguais Em torno do dia 21 de Setembro |
Festival de Beltane: Festival do Fogo Cruz de Rowan Os Fogos Brilhantes 1° de Novembro (HS) | 1° de Maio (HN) | Solstício de Verão: Festival Solar Alban Hefin – A Luz do Verão Samhradh – O dia mais longo Em torno do dia 21 de Dezembro |
Festival de Lughnasadh: Festival do Fogo Nó da Colheita A Festa da Colheita 1° de Fevereiro (HS) | 1° de Agosto (HN) | Equinócio de Outono: Festival Solar Alban Elfed – A Luz de Outono Fómhar – Dia e noite iguais Em torno do dia 21 de Março |
A roda gira sem parar nas suas infinitas jornadas, completando finalmente o ciclo natural da grande espiral. Na linha do tempo não existem tradições e nem contradições, existe apenas a inspiração da tradição ancestral do princípio maior da criação. Vivencie seus ritos, celebre todas as fases da Roda e que a generosidade da Natureza, as bênçãos dos Deuses e o Caminho dos Sábios os guie. Que assim seja!
Rowena A. Senėwėen ®
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Leia também: Roda do Ano Galesa
Referências bibliográficas:
MACCULLOCH, J.A. – A Religião dos Antigos Celtas – Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo – Os mitos celtas – São Paulo: Angra, 2002.
MARKALE, Jean – A Grande Epopéia dos Celtas – Ed. Ésquilo, 1994.
ORR, Emma Restall – Ritual – São Paulo: Ed. Hi-Brasil, 2000.
POWELL, T. G. E. Os Celtas. Lisboa: Coleção Historia Mundi – Editorial Verbo, 1965.
KONDRATIEV, Alexei – Rituales Celtas. Buenos Aires: Ed. Kier, 2001.
"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.