Observamos no folclore que as Celebrações Lunares de Lua Cheia e Nova, foram veneradas há milênios por grupos de homens e mulheres, reunidos em bosques ou clareiras em torno de uma fogueira. O nosso principal objetivo é meditar na busca de iluminação/inspiração (Awen/Imbas) e sabedoria.
O especialista em mitologia celta, J.A. Macculloch, no livro “A Religião dos Antigos Celtas”, afirma:
• O visco e outras plantas mágicas eram abatidas em uma Lua Crescente, provavelmente, porque acreditava-se que o seu poder seria muito maior.
• Talvez, o mais importante evento da natureza para os celtas e para a maioria de povos primitivos era a Lua. As fases da Lua eram observadas pelos antigos, assim como os solstícios e os equinócios, formando um método fácil de medição do tempo.
Conforme as lendas, para os celtas, o dia começava com a chegada da noite e terminava com o nascer do Sol, ao contrário do que interpretamos nos dias atuais, diziam que o Sol derrotava a escuridão e encerrava o dia reinando plenamente no céu. Assim como está no Calendário de Coligny, que foi restaurado, em “Trinoxtion Samoni Sindiu” – Festival de Três Noites de Samonios.
Embora não haja um consenso acadêmico, tudo indica que o gaulês “samoni” e o irlandês “samain” sejam cognatos. Em vista disto, os reconstrucionistas celebram seus festivais baseados nessa informação. Por isso, não utilizamos nenhum calendário baseado no “zodíaco” das árvores oghâmicas.
Sobre o Calendário de Coligny
Uma importante referência ao antigo calendário gaulês descoberto em Coligny na França é basicamente um calendário lunisolar composto de 12 meses de 29 e 30 dias, com um mês extra a cada 2 anos e meio, que mostrava como as fases da Lua eram respeitadas e, possivelmente, marcava quando os festivais celtas eram celebrados. Havendo referências ocasionais para as celebrações dos solstícios e equinócios.
Calendário de Coligny – Museu de Arte em Lyon, França.
O Calendário de Coligny foi descoberto em novembro de 1897, por Monsieur Roux. Esta notável descoberta arqueológica foi feita em uma área ao norte de Coligny, próximo a Lyon na França, onde foram achados aproximadamente 153 fragmentos individuais, produzida por volta de 50 d.C., do que teria sido uma grande placa de bronze. Embora inscrita com letras e números romanos, possuía uma escrita inicial da Gália, vagamente reconhecível, mas com uma evidente terminologia usada pelos antigos druidas, o gaulês, para identificar as diferentes fases da Lua e as festividades do ano.
Cada mês, alternadamente, continha 29 ou 30 dias, perfazendo um total de 354 dias em um ano. Além disso, no Calendário de Coligny, há dias considerados como sendo propícios a certas atividades e outros não. De acordo os fragmentos deste calendário, o mês foi dividido em duas partes: uma com luz correspondente à Lua Cheia e outra sem luz correspondente à Lua Nova, cada uma, em média, com duas semanas de duração. A divisão da fase mais escura para a mais luminosa era descrita pela palavra “Atenoux”, provavelmente, possuía um significado religioso, onde se previa dias os auspiciosos e outros nem tanto. Tal como o alinhamento baseado na passagem de Saturno, no período da sua trajetória de trinta anos.
Condizente aos estudos do site Roman Britain, o Calendário de Coligny tem um total de 12 meses, começando em Samonios e terminando com Cantios, cada mês tinha 29 ou 30 dias. E a cada 2,5 anos havia um mês extra que era adicionado a ele, conhecido como “Sonnocingos”, considerado um mês intercalar. Isso significa que poderia ter sido inserido antes de Samonios ou entre Cutios e Giamonios.
Uma visão moderna nos estudos antigos
“Alguns calendários antigos de origem céltica, como o Calendário de Coligny, indicam que o tempo era medido com base nos ciclos da lua e do sol, e que a lua nova representava o início de um mês, enquanto a lua cheia representava o meio do mês, o ápice. Essas duas fases lunares eram certamente celebradas ou ao menos observadas, senão por todos, na maioria dos povos celtas.” Por Bellovesos Isarnos.
“Infinito seja o caminho que, a cada etapa, mais belo se revela.”
As celebrações lunares nos levam a uma época em que a Lua não era apenas um medidor de tempo, mas um processo contínuo e simultâneo de crescimento e renovação. Essas comemorações permaneceram intactas entre os celtiberos e de outros povos do norte da Europa que, no momento da Lua Cheia, celebravam uma festa aos Deuses, dançando a noite toda em volta de uma grande pedra.
Embora a Lua Cheia dure, em média sete dias, o ideal é celebrarmos no dia exato à sua entrada, pois ela, na verdade, começa a minguar nos dias subsequentes.
Há também os eclipses. Os antigos acreditavam que eles eram causados por um monstro que, ocasionalmente, atacava a Lua. Os eclipses solares ocorrem durante a Lua Nova, já os lunares durante a Lua Cheia, podendo ser parciais ou totais, conforme o seu grau. Quando um eclipse finaliza seu processo, simboliza a transição de uma nova energia ou o início de um novo ciclo em nossas vidas, a transição do Caos ao Cosmos. Nossas práticas pessoais se iniciam após o eclipse.
“Cada celebração representa uma mudança diferente e uma forma peculiar de contatar o Outro Mundo… Um tempo sagrado para se comemorar, onde há três ciclos diferentes e especiais que correm paralelamente durante o ano e que são eles: o Ciclo da Terra e do Sol; o Ciclo da Lua e dos Acontecimentos; o Ciclo da Tribo e dos Deuses.” – Alexei Kondratiev.
Ao mergulharmos na noite escura da transformação, desvendando as nossas sombras, ou seja, medos e sentimentos ocultos, estaremos nos renovando completamente, pois é nela que reside o poder de criar, destruir, curar e regenerar todos os nossos ciclos naturais. Portanto, ao seguir as mansões da Lua na dança cósmica do universo e realinhando nosso eixo energético aos ciclos do Ano, percebermos nitidamente todas as mudanças e as transformações da natureza em nós. Essa observação obviamente é uma visão contemporânea inspirada nas tradições antigas.
Por fim, podemos aderir em nossas práticas druídicas e devocionais à meditação e à reflexão durante as fases lunares e, ao reverenciarmos essa força vital, criativa e transformadora, estaremos nos beneficiando desta poderosa energia. Que assim seja!
Rowena A. Senėwėen ®
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Sugestão de Leitura:
Luas do Ano – Caer Siddi
Visualização dos Ciclos Lunares
Energia Lunar e os seus atributos
Referência de sites:
Calendário de Coligny – Celtocrabion
Reconstruction Coligny – Academia Edu
The Celtic Calendar – Caer Australis
The Coligny Calendar – Roman Britain
Referências bibliográficas:
MACCULLOCH, J.A. – A Religião dos Antigos Celtas – Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
KONDRATIEV, Alexei – Rituales Celtas – Buenos Aires: Ed. Kier, 2001.
Celebrar a Vida
Hoje e sempre
A luz torna a resplandecer,
No auge desse esplendor.
Irradia máximas do seu poder,
Eterno amor de nossos Deuses.
Abençoados sejam, aqueles que agora
Compartilham esse momento mágico
Onde a Roda gira sem demora.
No ciclo cósmico da Mãe Terra,
A vida que se renova com emoção.
Na batida forte de um tambor,
Que pulsa em cada coração.
Neste belo luar… A vida vou celebrar!
Rowena A. Senėwėen ®
Extraído do livro Brumas do Tempo
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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.
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