Os Druidas estavam presentes na maioria das tribos celtas, além de filósofos, poetas, legisladores, conselheiros, historiadores, médicos, juízes, professores, profetas, magos e guardiões das tradições orais da tribo, constituindo assim, a unidade político-religiosa dos celtas. O Druidismo, por sua vez, um fenômeno exclusivo da sociedade celta.
É impossível falar dos Druidas sem falar dos Celtas e vice-versa. Os Celtas eram compostos de várias tribos, sendo que cada uma tinha seu próprio chefe e, apesar de serem bem diferentes entre si, possuíam uma cultura em comum, uma raça guerreira, o parentesco das línguas, os costumes e os cultos.
A etimologia da palavra Druida (Druid), vem através das línguas britônicas (galês, bretão e córnico), que significa aquele que tem o conhecimento e a força do carvalho, assim como, das línguas goidélicas (gaélico irlandês, gaélico escocês e manês), que significa aquele que tem a sabedoria do carvalho ou homem sábio.
O sentido de “sabedoria do carvalho” é confirmado pelos relatos de Plínio, o Velho, historiador romano (23 d.C. – 79 d.C.), associada as suas práticas religiosas – “Um druida vestido de branco, subia numa árvore de carvalho e fazia o corte do visco com uma foice de ouro”.
Conforme os textos clássicos, os Druidas dividiam-se em três tipos de funções ou ofícios, que eram: os Bardos, os Ovates e os Druidas.
“Entre os povos da Gália, em geral, existem três tipos de homens, conhecidos por sua honra excepcional: Bardos, Ovates e Druidas. Os Bardos são músicos e poetas; os Ovates, videntes e filósofos naturais; enquanto os Druidas, além da filosofia estudam também a moral.” Diodoro Sículo – historiador grego, que viveu no séc. I a.C.
– Os Bardos, conhecidos como Filid (plural de Fili) na Irlanda, possuíam habilidades poéticas, artísticas e magísticas. Eram encarregados de transmitir os ensinamentos druídicos, contando histórias e lendas na forma de poemas recitados ou através de cantos. Eles foram considerados guardiões da tradição oral.
– Os Ovates ou Vates possuíam habilidades intuitivas e mágicas, incluindo a cura, a astrologia e a divinação. Eram considerados profetas e videntes. Trabalhavam os três reinos do passado, presente e futuro, em estados de transe, recebiam mensagens do Outro Mundo e previam o destino de toda a tribo.
– Os Druidas possuíam a função sacerdotal, exercendo também, a função de conselheiros e filósofos. Eram eles os responsáveis pelas cerimônias religiosas, pelos rituais em geral e por todos os julgamentos proferidos na tribo. Os Druidas eram considerados grandes intelectuais, detentores de um vasto conhecimento sobre a terra e os astros. Seus conhecimentos iam desde as propriedades curativas das ervas à comunicação com os Deuses. Por essa razão eram sempre consultados pelos reis e chefes das tribos celtas. O sacerdócio não era uma casta fechada, apesar de hereditário. Os Druidas, normalmente, constituíam família.
Os Druidas ensinavam sobre a metempsicose, termo que descreve a transmigração da alma, de um corpo para outro, com a possibilidade da alma humana habitar provisoriamente corpos de animais. Entre seus ensinamentos há relatos sobre a doutrina pitagórica de a alma renascer em outro corpo depois da morte.
“O testemunho dos escritores greco-romanos demonstra que os Druidas ocupavam um grande número de funções político-religiosas, como a profecia, a prática da magia e responsabilidades sacerdotais, das mais básicas à organização do culto, oração e sacrifício.” Como relata a Dra. Miranda J. Green.
Além das funções citadas, possuíam o dom de prever o futuro e entravam em transe meditativo para contatar o Outro Mundo. Considerados mestres da magia faziam encantamentos quando necessário e provocavam um sono mágico nos inimigos, possivelmente hipnótico. Outra habilidade era produzir brumas misteriosas para mudar de aparência ou se esconder, uma arte conhecida como “féth fiada”.
Eles também podiam impor a uma pessoa um “Geis”, uma espécie de proibição ou tabu, uma maldição ou um feitiço que, ao ser quebrado, acarretava terríveis conseqüências ao transgressor.
Na Grã-Bretanha e Irlanda eles ensinavam àqueles que pretendiam tornar-se Druida, apenas de forma oral ou através do Ogham, seus estudos podiam se estender até vinte anos de máxima dedicação. Por esse motivo, ficamos apenas com um legado de conhecimento perdido no tempo.
Enfim, tudo o que sabemos hoje sobre os druidas, fora o fato de que eles adoravam o carvalho e o visco, são de relatos vindos de militares e historiadores greco-romanos e, posteriormente, na Idade Média, por monges e abades, pois a sua verdadeira origem ainda é um mistério…
Por isso é muito importante pesquisar em diferentes fontes, além de ler a opinião de vários historiadores, pois a história, infelizmente, é facilmente manipulável, conforme os interesses pessoais, principalmente, daqueles que venceram as batalhas.
Seguir a intuição embasada em fatos, nos faz sair da ilusão romântica rumo as mais belas descobertas adormecidas da alma… Que assim seja!
Rowena A. Senėwėen ®
Todos os direitos reservados.
Referências bibliográficas:
GREEN, Miranda Jane Aldhouse – Exploring the World of the Druids – London: Thames and Hudson, 1997.
JUBAINVILLE, Henri-Marie D‘ Arbois.- Os Druidas. Os Deuses Celtas com Formas de Animais – SP, 2003.
MACCULLOCH, J.A. – A Religião dos Antigos Celtas – Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
[Créditos da imagem: John Duncan (1866-1945)]
"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.