O Roubo do Martelo de Thor
Segundo a lenda, um dia Thor percebeu que seu martelo fora roubado, e ele mandou Loki descobrir o que tinha acontecido. Loki emprestou de Freya a forma de falcão e começou a procurar. Finalmente, descobriu que o gigante Thryn tinha escondido o martelo no fundo da terra, e se recusava a devolvê-lo aos deuses, a menos que lhe oferecessem Freya como esposa. Essa mensagem causou a maior consternação em Asgard e deixou Freya tão furiosa que ela partiu em pedaços seu famoso colar.
Mas Heindall sugeriu um plano para recuperar o martelo, sem que Freya corresse riscos. Thor usaria vestes de noiva e iria até Jotunheim no lugar de Freya, acompanhado por Loki, disfarçado de dama de honra. A princípio, Thor achou a idéia de um disfarce indigna, mas Loki o lembrou de que sem o martelo não haveria esperança para Asgard. Trovões e relâmpagos cortavam as montanhas enquanto os dois seguiam na biga de Thor e quando entraram em Jotunheim foram calorosamente recepcionados.
Durante a festa, o plano quase foi descoberto por causa do apetite voraz da noiva, mas Loki rapidamente explicou que o motivo de Freya poder comer um boi e oito salmões era que seu ardente anseio pela cerimônia de casamento a deixara em jejum por oito noites. Quando Thryn tentou beijar a noiva, ficou aterrorizado ao vislumbrar os terríveis olhos incandescentes sob o véu, mas Loki explicou que Freya não dormia havia oito noites, tão intenso era o seu desejo de ir a Jotunheim. O tormento de Thor chegou ao fim quando o martelo foi finalmente trazido de presente ao futuro casal e colocado sobre o colo da noiva.
Quando Thor pôs as mãos sobre o martelo, não tardou muito para que Thryn e todos os que estavam reunidos para a cerimônia fossem destruídos. Ele e Loki retornaram a Asgard, triunfantes!
Fonte bibliográfica:
Hilda R. Ellis Davidson – Deuses e Mitos do Norte da Europa
O Deus do Trovão
Nos mitos apresentados a nós por Snorri, Thor é indubitavelmente um dos Deuses que mais se destacam. O campeão dos Esirs (raça dos Deuses) e o defensor de Asgarsd. O culto a Thor teve uma vida longa na Europa Ocidental. No século XI, ele ainda era venerado com entusiasmo em Dublin. Thor é o herói mais característico de tempestuoso do mundo viking. Diz-se que a figura do Deus do martelo estaria presente em muitos templos, no fim do período pagão. Seus adoradores buscavam a orientação da imagem de Thor quando tinham que tomar decisões difíceis.
O ruído da biga de Thor se movendo causava o trovão. Snorri traça o nome do Deus, Ǫku-Þórr, como derivado de verbo ‘aka’, conduzir, e o interpreta como Thor o Condutor. Isso corresponde à imagem de uma biga conduzida pelo Deus através do céu, que em muitas religiões forma parte do conceito do Deus do Sol. Descrições da chegada de Thor nos versos dos escaldos do século IX enfatizam o ribombar de uma tempestade, e mostram que esse aspecto do Deus não era esquecido na Islândia.
No poema de Haustlöng, encontramos: “O Filho da Terra rumou para o portão de ferro, e o caminho da Lua ressoava diante dele… Os locais sagrados dos poderes ardiam em chamas diante do afiliado de Ull. A terra, plano das profundezas, era açoitada por granizo enquanto os bodes puxavam o Deus da biga para o seu encontro com Hrungnir… As rochas tremiam e as pedras se partiam; o céu alto queimava.”
Parece realmente que o poder do Deus do Trovão, simbolizado por seu martelo, se estendia sobre tudo o que tinha a ver com o bem-estar da comunidade. Ele cobria nascimento, casamento, morte e cerimônia de cremação, além dos juramentos feitos pelos homens. A famosa arma de Thor não era apenas o símbolo do poder destrutivo da tempestade e do fogo do céu, mas também uma proteção contra as forças da violência. Sem ela, Asgard não poderia mais ser protegida dos gigantes, e os homens contavam com ela para lhes dar segurança e garantir a lei.
O Deus do Céu
A mãe de Thor seria a própria Terra, e nos antigos versos dos escaldos, ele é descrito em frases que significam “Filho da Terra”. De sua esposa, Sif, sabemos pouco, exceto que ela tina magníficos cabelos dourados; já foi sugerido que esse é o símbolo de uma antiga Deusa da fertilidade, seu cabelo abundante e lustroso representando os grãos dourados. Há certamente um elo entre Thor como o Deus do Trovão e a fertilidade da terra, o qual cai o raio e a chuva, causando crescimento.
Em relação ao mundo natural, Thor era ao mesmo tempo destruidor e protetor. Nos tempos dos vikings, ele era considerado um guia definitivo para aqueles que viajavam por mar, por causa do seu poder sobre as tempestades e o vento. Além disso, era associado aos grandes carvalhos da floresta que cobriam boa parte do oeste da Europa. Os germanos, celtas (cujo Deus do trovão era Taranos), as tribos bálticas e os eslavos todos tinham bosques sagrados no interior da floresta, onde o Deus do Trovão era venerado. Grimm sugere que a ligação entre o Deus e o carvalho era por devido à grande frequência que a árvore era atingida pelos raios.
Bosques consagrados aos Deuses pelos germanos são mencionados por Tácito no fim do primeiro século. Existia no ano 1000 d.C. a floresta de Thor, à margem norte do Liffey, fora de Dublin. Naquele ano, o rei Brian Boru passou um ano destruindo-a, queimando o solo e o mato e derrubando as árvores jovens, até que, segundo um antigo poema irlandês: “só restaram às grandes árvores e os majestosos carvalhos.”
Na Islândia não havia grandes carvalhos; a ligação entre o Deus do Trovão e as árvores torna-se obscura nas fontes islandesas. Mas existia, e podemos discerni-la no costume dos colonizadores de levar consigo até a Islândia as colunas de carvalho do Templo de Thor. A coluna era consagrada ao Deus e parece haver bons motivos para acreditarmos que isso era porque ela representava a árvore sagrada, o local mais sagrado, o centro, o eixo do mundo.
Fonte bibliográfica:
Deuses e Mitos do Norte da Europa – Hilda R. Ellis Davidson
Rowena A. Senėwėen ®
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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.