A Távola Redonda

Nó Celta

A lenda nos conta que Arthur fixou residência em Camelot e ali esperou Guinevere, que veio acompanhada por 100 Cavaleiros da Irmandade da qual trouxeram consigo a famosa Mesa Redonda.

O rei casou-se com Guinevere, e ela também recebeu o juramento dos Cavaleiros. Enquanto Merlin narrava a história de cada um, nos respaldes das cadeiras apareciam os nomes correspondentes em letras de ouro. Mas as cadeiras situadas à direita e à esquerda do rei ficaram vazias. Merlin informou que a cadeira da esquerda seria preenchida em breve, enquanto a da direita, não seria ocupada por anos.

Em Camelot, os 250 integrantes da Irmandade ficaram reduzidos a 100. Este número significa o quadrado da medida sagrada terrestre e é o que corresponde a uma Cavalaria que abarca toda a Terra, conceito que faz de Arthur o rei do Mundo. Esse critério confirma as cifras do número 100 (1 + 0 + 0 = 1), e a couraça dourada do rei, que o identificava a suprema “iluminação”.

Outras versões dizem que o número de Cavaleiros era 25 ou 13, dentre os quais estaria o próprio Arthur. O antecedente que se conhece é uma Mesa circular de carvalho, de 19 pés (5,8 metros) de diâmetro por 60 pés (18,3 metros) de circunferência, que se encontra no Grande Salão de Manchester, ao Sul de Gales.

No centro, existe uma rosa branca de cinco pétalas, rodeada de outra rosa similar de cor vermelha, e na volta existe uma inscrição em letra gótica, que diz: “Esta é a Mesa Redonda do rei Arthur e de seus XXIV valentes Cavaleiros”. Da parte superior da rosa, levanta-se um trono baixo, em cujo dossel está sentado um rei que segura em suas mãos os símbolos de seu poder: uma Espada na direita e um globo do Mundo coroado por uma Cruz de Malta na esquerda. Nos lados existe uma inscrição: “Rei Arthur”. Ao redor do trono, partindo do centro, têm 24 divisões, 24 setores, cada um dos quais leva o nome de um Cavaleiro.

A Mesa – ou a Távola – existia em 1522, quando por ordem do rei Henrique VIII suas divisões foram pintadas com as cores da Casa Real Tudor: branco e celeste. Se temos em conta o espaço ocupado pelo trono, a Távola fica dividida em 26 partes, número cabalístico que corresponde ao nome de Deus: “IHVH”. Corresponde também a ação do tempo como justiça e poder de manifestação. Indicaria, assim, um Reinado de Justiça conforme a ordem universal, cujo rei Arthur seria assistido por 24 Cavaleiros.

Mas como a sequência das cores brancas e celestes significam aspectos ativos e passivos que se alternam, ficam definidas perfeitamente as 12 características universais do homem zodiacal e o perfeito equilíbrio cósmico representado pelas horas do dia e da noite, transformando os 24 Cavaleiros nas 12 características do homem universal.

O número 12 no Tarô corresponde ao apostolado que implica abnegação, sacrifício, altruísmo, desejo de servir, devoção. Geometricamente, corresponde ao polígono que se identificava com a circunferência, representativa do Todo e da Eternidade. Se considerarmos ainda que 12 multiplicado por 5, número que representa o homem perfeito, dá 60, que é a longitude da circunferência da Távola, número que representa “o despertar da consciência”, e que 190, o número que indica o diâmetro da Távola, é corresponde ao Sol, podemos concluir que a Távola Redonda do Castelo de Winchester estabelece perfeitamente as características de Arthur.

O reino de Arthur e seus Cavaleiros da Mesa Redonda, inspirado no reino celestial da harmonia cósmica, seria o modelo oferecido aos homens para que, inspirados nele, acedessem ao caminho de sua própria perfeição.

A Távola Redonda – A Imagem do Mundo

A primeira vez em que se reuniu a Irmandade da Távola Redonda foi no dia do matrimônio de Arthur e Guinevere, e assim começou o maior ideal da cavalaria. As lendas contam que numa primavera, enquanto todos estavam sentados, entrou um cervo branco perseguido por um cachorro branco e, junto, cinqüenta casais de cachorros de caça negros. Enquanto corriam em torno da mesa, o cachorro branco mordeu o cervo, que, dando um salto, derrubou um Cavaleiro que estava sentado a seu lado. Esse homem pegou o cachorro e saiu correndo, e nesse instante entrou uma dama cavalgando pela sala, e exigiu que o trouxessem de volta, pois aquele cachorro era de sua propriedade. Antes que alguém pudesse responder, um Cavaleiro com suas armas entrou a cavalo e expulsou a dama.

Esses acontecimentos foram presenciados com um misto de prazer e medo. Mas Merlin, nesse momento, aproximou-se e declarou que a Irmandade “não podia abandonar com tanta rapidez suas aventuras”. Desse modo, Arthur enviou seus dois novos Cavaleiros, Sir Gauvaim e Sir Thor, na perseguição do cervo branco e do cachorro, respectivamente, e Sir Pellinore em perseguição da dama que havia sido raptada. Esse incidente provocou várias aventuras que foram narradas sempre de maneira similar, ou seja, com a entrada de um Cavaleiro ou de uma dama na corte, solicitando auxílio ou algum favor do rei Arthur e da Irmandade. Eles não podiam negar, desde que a petição fosse justa.

Mas a partir desse episódio a Irmandade da Távola Redonda pronunciou um juramento: “Nunca cometer ultraje ou assassinato; fugir sempre das traições; não ser de forma alguma cruel, mas conceder clemência àquele que a solicite; estar sempre ao lado do seu rei Arthur; auxiliar sempre as damas e senhoras. Que nenhum homem inicie uma batalha por motivos injustos ou por bens terrenos”. Todos os Cavaleiros da Távola Redonda prestaram esse juramento, e a cada ano era renovado na Festa da Colheita.

As regras, apesar de serem simples, dependiam dos ideais da cavalaria que muitas vezes acreditava não ser necessário colocá-los em palavras. Nem todos os Cavaleiros cumpriram essas exigências impostas por seu rei, mas sempre souberam manter a honra à Távola Redonda e à sua existência.

O rei Arthur criou e resgatou o costume de que seus Cavaleiros sempre contassem alguma aventura no início de algum banquete, criando uma pauta de comportamento. Todos os Cavaleiros “andantes” marchavam em busca de aventuras. A maior parte das aventuras ocorrem nas densas florestas.

Os bosques simbolizavam um mundo não civilizado, mas também representavam um estado mental, um lugar que se procuraria alcançar. Os bosques também faziam parte do “Outro Mundo”, uma vasta extensão inexplorada situada nas fronteiras entre o mundo da Terra Média e os domínios do País das Fadas. Eram lugares impregnados de encantamentos e somente àqueles que fossem resolutos era permitido encontrar aquilo que se haviam dispostos a buscar. De suas profundezas surgiam fadas encantadoras que seduziam os Cavaleiros errantes, mesclando dessa forma suas linhagens.

Nem todas essas mulheres encontradas nos bosques eram gentis de aparência e de palavra.

Ragnall, um dos muitos arquétipos da Deusa da Terra, que lhe outorga a soberania, tomou a forma de uma dama de aparência monstruosa, que com suas artimanhas conseguiu que o próprio rei Arthur prometesse lhe dar Sir Gauwain como marido. Posteriormente, ela recobrou sua verdadeira beleza graças ao amor e à compreensão de Gauwain.

Todas essas aventuras eram relatadas ao rei Arthur por sua Ordem da Cavalaria, a Távola Redonda representava muito mais que um lugar de reunião. Segundo algumas lendas, nos reinos celestiais se reunia um conselho de poderosos seres encarregados da execução dos desígnios divinos para a Criação. Dessa forma, Merlin construiu um templo circular sobre a Távola da Terra, criando uma relação entre os domínios estelares, a monarquia terrenal de Arthur, a qualidade sagrada da Terra com as mensagens e Mistérios do Graal e a Irmandade da Távola Redonda.

Fonte bibliográfica:
Avalon e o Graal e outros Mistérios Arturianos
Helena Gerenstadt

"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.

Nó Celta

Cat

Direitos Autorais

A violação de direitos autorais é crime: Lei Federal n° 9.610, de 19.02.98. Todos os direitos reservados ao site Templo de Avalon e seus respectivos autores. Ao compartilhar um artigo, cite a fonte e o autor. Referências bibliográficas e endereços de sites consultados na pesquisa, clique aqui.