Bríg Ambue e os Campos de Batalha

Nó Celta

A Senhora do fogo, da cura e da poesia, celebrada no Festival de Imbolc, possui também um lado sombrio que proclama a justiça através da poesia. A sua força ancestral é tão intensa quanto as demais Deusas que representam a soberania da terra e da guerra, protegendo-nos da maldade e da destruição.

Ao contrário do que muitos pensam, Brighid tem uma face guerreira conhecida como “Bríg Ambue”, a protetora soberana dos Fianna – exército de guerreiros criado para defender os reis da Irlanda, formado por membros de diversas tribos, durante o Ciclo Feniano.

Brighid inspirou os bardos a compor bênçãos e maldições cantadas como uma forma de proteção, chamadas de “Bríocht Cáinte”, conforme a tradução que está no dicionário gaélico, elaborado por Seán Ó Tuathail.

Bríocht: é um feitiço ou maldição utilizada, principalmente, para proteger o guerreiro nos campos de batalha. Pode ser escrito “bricht” ou “breacht”. Representando a face de Bríg Bretach.

Cáinte: significa discurso ou aquele que discursa; é um tipo de sátira, uma composição poética ou um canto de advertência, feita de maneira irônica e proferida apenas pelo bardo ou “fili”, o poeta sagrado.

Há vários mitos e lendas celtas que descrevem essa prática ou manifestação, através da inspiração poética tal como a “Awen” para os galeses e a “Imbas” para os irlandeses, um frenesi conhecido como “fogo na cabeça”, promovido por estados alterados da consciência.

A “Bríocht Cáinte” é a forma mais temida de maldição de todos os mitos irlandeses, inspirada pela Deusa Brighid. Estas maldições podem ser acompanhadas pelo bodhrán (tambor irlandês) ou o bater de palmas, direcionadas para alguém que não agiu corretamente ou cumpriu os costumes relacionados com a honra, a verdade e a lealdade da comunidade.

Bríg Cáinte

Em honra à Brighid, amada:

O meu forjar não é somente para moldar
Também não sou a mãe que apenas conforta
E a minha poesia não é só para elogiar

Para moldar o guerreiro…

Eu sou a chama da renovação
Eu sou o terror que ronda o opressor
Eu sou a água que purifica a terra
Eu sou o malho que golpeia a ilusão

Para inspirar a batalha…

Eu sou a fúria do fogo
Eu sou a tocha dos Fianna
Eu sou a voz que exige justiça
Eu sou a canção da palavra que rogo

Para calar o inimigo…

Eu sou o medo do traidor
Eu sou a força da espada
Eu sou o sangue que corre nas veias
Eu sou a morte do caluniador

Eu sou a Cáinte, que lança no campo
As maldições e cantos aos adversários
Por Bríg Ambue, a portadora da esperança.

Que assim seja!

Por Rowena Ferch Aranrot
Todos os direitos reservados.

Este artigo foi inspirado nos textos e nas traduções de Erynn Rowan Laurie. Iniciando, assim, mais uma jornada por este incrível mundo celta irlandês e todo o seu simbolismo mágico… Fáilte!

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Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.

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