Na visão céltica moderna observa-se que o centro do mundo era a interligação de si mesmo, a família (tuath) e os Cosmos. O fogo é o elemento mágico que ligava os Três Mundos: Céu, Terra e Mar (ar, solo e água) e que transformava todos os três. Por sua vez, esses mundos correspondem ao Mundo Celestial, Intermediário (Terra Média) e Submundo, e que estão associados aos Deuses, Espíritos da natureza e Ancestrais.
Como descreve Searles O’Dubhain: “Os druidas eram os mestres do fogo. Eram eles que criavam as fogueiras rituais e que velavam pelas chamas sagradas aos Deuses. Os druidas não ‘canalizavam’ seus Deuses ou falavam com as vozes de entidades como fazem os ‘canalizadores’. Os druidas iam até seus Deuses durante os períodos de êxtase, quando eles conversavam e aprendiam diretamente com os Deuses. Eles eram capazes de caminhar no mundo dos sonhos e até mesmo no próprio Outro Mundo.” (tradução de Bellouesus).
O fogo era o centro do mundo celta e do ritual druídico. O fogo, particularmente, o que vem da inspiração sagrada e poética – o Fogo na Cabeça – é conhecido como Imbas (irlandês) ou Awen (galês), um frenesi promovido por estados alterados da consciência, alcançados através da meditação e de práticas mágicas.
A arqueóloga Dra. Anne Ross relata que os celtas veneravam cabeças como símbolo ligado às divindades e aos poderes do Outro Mundo, sendo a parte mais importante do corpo, o local onde a alma reside.
Esse pensamento indo-europeu nos leva a ideia que o Cosmo é composto por elementos que estão inter-relacionados com a natureza e o homem. Este conceito moderno é identificado em irlandês como “dúile” ou elementos e os seus correspondentes mágicos são:
• Ossos – Pedra
• Carne – Solo
• Pele – Plantas
• Sangue – Mar
• Respiração – Vento
• Mente – Lua
• Rosto – Sol
• Cérebro – Nuvens/Raio
• Cabeça – Céu estrelado
Ao vivenciarmos os nove elementos, construiremos uma ponte entre o visível e o invisível que fluirá de forma poética, entre o corpo físico e o anímico. “O corpo está na alma e esse reconhecimento dá a ele uma dignidade sagrada e mística.” John O’Donohue.
Os dúile podem ser agrupados da seguinte forma:
• Tríade da Terra: pedra, solo e plantas.
• Tríade do Mar: água, vento e Lua.
• Tríade do Céu: Sol, nuvens e estrelas.
“A tríade é uma fórmula literária utilizada para a aprendizagem tradicional, que combinou três conceitos e dominou a maior parte da literatura vernacular Celta.” Como afirma a arqueóloga professora Dra. Miranda Green, no livro Símbolo e Imagem na Arte religiosa Celta.
O simbolismo mágico do número três está presente em vários contos celtas, desde o Lebor Gabála Érenn, como: as três rainhas das Tuatha Dé Danann Banba, Fotla e Erin ou as “Três Morrígans” Morrighan, Badb e Macha, no Ciclo Mitológico Irlandês; até no Mabionogion, por exemplo: em “Culhwch e Olwen, conta que Culhwch precisa realizar três vezes a mesma ação antes de casar com Olwen. O número três pode ser intensificado para nove (três vezes três), possivelmente indicando conquista e plenitude.
(Palestra realizada durante o IV EBDRC em Cotia/SP)
Vamos nos aprofundar sobre este tema, juntamente com o druida Endovelicon, no próximo encontro que será realizado nos dias 18,19 e 20 de abril de 2014, em Recife. Informações: V EBDRC – 2014.
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.
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Brumas do Tempo:
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Três Reinos Celtas:
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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.