Símbolos Celtas – 1ª parte

Nó Celta

Os símbolos são emblemas, sinais ou figuras que naturalmente evocam uma aura de mistério e magia. Muitos dos símbolos que hoje conhecemos, são traduções de sinais perdidos no tempo, muitas vezes baseados em suposições e analogias.

Apesar de todas as descobertas de arqueólogos e antropólogos, ainda é difícil saber realmente a diferença entre o fato e a ficção.

Os símbolos, assim como quase toda a cultura celta, eram sagrados e por isso, transmitidos através de rituais, contos, mitos, lendas, músicas e danças, mas jamais pela palavra escrita.

Alguns registros escritos remanescentes destes povos que, culturalmente conhecemos como Celtas, são muito escassos e, na sua maioria, descritos por gregos e romanos durante a ascensão do Império Romano ou por monges copistas da Idade Média. Portanto, observemos os símbolos celtas de forma simples, seguindo apenas a verdade e a intuição de nossos corações.

Espirais Celtas

As espirais celtas são encontradas em vários artefatos e construções antigas, o seu significado reside na beleza e na simplicidade dos seus traços. Geralmente, representam o equilíbrio do universo dentro de nós, ou seja, o equilíbrio espiritual interior e a percepção exterior.

EspiralElas formam um padrão que começa pelo centro e se deslocam para fora ou para dentro, conforme a sua configuração. Esses movimentos podem ser observados de forma figurada no sentido horário ou anti-horário.

As espirais com movimentos no sentido horário estão associadas ao Sol e a harmonia com a Terra ou movimentos que representam à expansão e à atração, em relação ao centro.

Por outro lado, as espirais com movimentos no sentido anti-horário estão associadas à manipulação dos elementos da natureza e aos encantamentos que visam à interiorização e à transmutação de energias, assim como a proteção.

Lembrando que entre os celtas, conforme os textos clássicos, mover-se em torno de um objeto em sentido anti-horário era considerado como mau agouro.

Os antigos túmulos megalíticos de Newgrange, Knowth, Dowth, Fourknocks, Loughcrew e Tara, na Irlanda, são exemplos maravilhosos de espirais, anterior aos celtas, conhecidos como “As Espirais da Vida” e que representam, de um modo geral, o ciclo da vida, da morte e do renascimento.

As espirais da vida são belas representações da eternidade da alma!

Triskelion ou Triskel

O Triskelion é considerado um antigo símbolo indo-europeu, palavra de origem grega, que literalmente significa “três pernas” e, de fato, este símbolo nos lembra três pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo. Na cultura celta, especificamente na tradição irlandesa é dedicado comumente à Manannán Mac Lir, o Senhor dos Portais entre os Mundos.

Tudo indica que o número três era considerado sagrado pelos celtas, reforçando o conceito da triplicidade e da cosmologia celta de: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior.

O triskelion também é conhecido por triskle ou triskele, tríscele, triskel, threefold ou espiral tripla, e possui dois grandes aspectos principais de simbolismo implícitos em sua representação, que são:

– Simbologia ligada ao constante movimento de ir e vir, representando: a ação, o progresso, a criação e os ciclos de crescimento.

– Simbologia das representações da triplicidade: Corpo, Mente e Espírito; Passado, Presente e Futuro; Primavera, Verão e Inverno. Os ciclos de transformação.

Triskle

Os nós celtas são variantes entrelaçadas de símbolos do mundo pré-céltico, germânico e céltico.

Representação dos Três Reinos

O número três nos liga aos reinos do Céu, da Terra e do Mar – locais onde há a existência de vida. Reinos que compunham todo o mundo celta – e por sua vez, formavam os Três Reinos, vistos da seguinte forma:

– O Céu que está sobre nossa cabeça e nos oferece o Sol, a Lua, as estrelas e as chuvas que fertilizam a terra. Representa a luz, o calor, a inspiração (o fogo na cabeça) e os Deuses da criação.

– A Terra que está sob nossos pés e nos dá o alimento, nos abriga e faz tudo crescer – sustenta as raízes fortes das árvores. Representa o solo, os campos verdes, as florestas e os Espíritos da Natureza.

Triskle– O Mar que está em nós, é a água que sacia a sede e nos dá a vida – sem a água tudo perece e morre. Representa o Portal para o Outro Mundo, os seres feéricos, o mar e os Ancestrais.

Sendo os reinos interdependentes, onde cada um possui seu significado próprio, mas que ao mesmo tempo dependem um do outro para continuar existindo, permitido assim, que o nosso mundo também exista em perfeita interação.

Essa cosmologia não-dualista é bem diferente dos quatros elementos da visão grega, pois os celtas viam tudo na forma de tríades. E o fogo é a alma que caminha entre os reinos. Além disso, cada reino era relacionado a um grande caldeirão sustentado por três pernas, que por sua vez, possuíam três atributos diferentes.

Apesar de não haver um mito de criação como outras culturas indo-europeias, por analogia supomos que havia entre eles a ideia dos Três Mundos, descritos como:

– O Mundo Celestial: onde as energias cósmicas como o Sol, a Lua e as estrelas brilham. Associado aos Deuses da criação.

– O Mundo Intermediário: onde nós e a natureza vivemos. Associado aos Espíritos da Natureza ou da terra.

– O Submundo: onde os Ancestrais e os seres feéricos ou o o Sídhe vivem. Associado ao Outro Mundo.

Entretanto, as três pontas do triskelion eram associadas aos Três Reinos ou aos Três Mundos e ao fluxo das estações. E, numa versão moderna, às três fases da Lua vistas no céu: Crescente, Cheia e Minguante.

Com as mesmas características observadas nas espirais, seu movimento a partir do centro, pode ser descrito como no sentido horário ou anti-horário. Simbolicamente, o sentido horário: representa a expansão e crescimento e o sentido anti-horário: a proteção e o recolhimento.

Triskle

“Tendo em consideração o número três, símbolo sagrado dos Celtas, o qual tanto se apresenta com a forma de tríade como de triskel, a tripla espiral que, girando à volta de um ponto central, simboliza por excelência o universo em expansão.” Jean Markale – A Grande Epopeia dos Celtas.

Portanto, de um modo geral estes símbolos estão relacionados ao crescimento pessoal, ao desenvolvimento humano, a expansão da consciência e o fluir da vida, o centro do nosso bosque sagrado. Aos poucos vamos adentrando nos enigmas que envolvem essa iconografia incrível.

Que assim seja… Bênçãos plenas!

Referências bibliográficas:
BELLINGHAM, David. Introdução à Mitologia Céltica. Lisboa: Ed. Estampa, 1999.
GREEN, Miranda Jane Aldhouse. Celtic Myths. London: University of Texas Press, 1995.
___________. Exploring the World of the Druids. London: Thames and Hudson, 1997.
MARKALE, Jean. A Grande Epopéia dos Celtas. SP: Ed. Ésquilo, 1994.
MACCULLOCH, John Arnott. The Religion of the Ancient Celts. Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo. Os Mitos Celtas. São Paulo: Ed. Angra, 2002.
PLACE, Robin. Os Celtas. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1989.

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.

Website:
www.templodeavalon.com
Brumas do Tempo:
www.brumasdotempo.blogspot.com
Três Reinos Celtas:
www.tresreinosceltas.blogspot.com


Direitos Autorais

A violação de direitos autorais é crime: Lei Federal n° 9.610, de 19.02.98. Todos os direitos reservados ao site Templo de Avalon e seus respectivos autores. Ao compartilhar um artigo, cite a fonte e o autor. Referências bibliográficas e endereços de sites consultados na pesquisa, clique aqui.

"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.

Nó Celta

Cat