Os Xamãs: Origem

Nó Celta

A palavra “xamã” é de origem russa (saman), termo usado pelos tungues do nordeste da Sibéria e que passou a ser empregado na terminologia científica nas línguas europeias. Deve-se fazer uma distinção, entre as religiões dominadas por uma ideologia xamanista e o sistema que constitui o animismo, como descreve o mitólogo Mircea Eliade. Deste modo, podemos dizer que os xamãs não são Celtas e nem Druidas, eles se assemelham apenas nas práticas mágicas ao entrar em contato com o Outro Mundo, por meio de técnicas “xamânicas” que levam a um estado alterado de consciência, êxtase e profecia.

O animismo floresceu através das culturas de caçadores-coletores que já existiram na Terra, observações características recorrentes da humanidade até mesmo de sobrevivência, vistas atualmente como relações mais honradas e justas de interação com os animais, com as plantas, com as montanhas e colinas, com os desertos, planícies, com os rios e lagos, com os ventos, a chuva e com as cavernas, símbolo do útero da Mãe Terra.

A sua origem não tem raízes históricas ou geográficas, pois se perdeu no tempo. Atividades animistas foram encontradas em cavernas na China, há pelo menos 80.000 anos, o que se pressupõe ser muito mais antigo. Traços do Animismo e suas práticas podem ser observadas em muitas religiões e tradições e pode-se dizer que é a mais velha disciplina médica e psicológica da humanidade.

A prática xamanísta original, provavelmente, surgiu na Ásia Central e setentrional (povos turco-mongóis, himalaios e árticos). A maioria dos especialistas estão de acordo em propagar a ação do animismo à Coréia e ao Japão, passando pelos povos fronteiriços do Tibet, China e Índia, até a Indochina e a América.

Mas quem eram esses xamãs? Eram homens e mulheres capazes de entrar em transe, de estabelecer uma ponte entre este mundo e o outro, viajar nas dimensões inferiores, medianas e superiores, capazes de trazer a cura e preservar a história oral de seu povo. Através de Carl Jung, podemos entender essa relação e a possibilidade de acessar o inconsciente coletivo da humanidade, pelo ato simbólico, imaginário e a força dos arquétipos no âmbito emocional.

Os xamãs eram guardiões designados conforme o dialeto local. O termo foi incorporado no trabalho de Mircea Eliade e se consagrou para definir os yagés, os shabonos e os pajés de várias nações indígenas que têm o mesmo poder e são vistos como condutores entre os mundos: físico e extrafísico.

Da mesma forma, várias áreas da sociedade trabalham com símbolos e conceitos emprestados de outras culturas, os antropólogos, por exemplo, utilizam o termo “xamã” para se referirem aos sacerdotes de uma grande variedade de culturas nativas, e que são conhecidos também como: bruxo, feiticeiro, curandeiro, mago, vidente. No Brasil utiliza-se o nome de pajé; na América do Norte de “medicine man” ou “medicine women”; e na América Central de curandeiros ou feiticeiros. Conforme artigo da Universidade de Cambrigde, a crescimento cultural do animismo se adapta às condições sociais dos seus praticantes ancestrais, apesar de não serem representantes dos povos originários.

O xamã é conhecido na maioria das vezes como um curador ferido que, ao vivenciar situações extremas de doença física, mental, espiritual ou emocional, torna-se apto a realizar ações para promover a autocura, primeiro em si mesmo, depois nas outras pessoas e no planeta.

Alguns desses ensinamentos têm base na observação da natureza e seus sinais, como: o Sol, a Lua, a paisagem local, o movimento das águas, animais, plantas, ventos, ciclos, etc. Ao olhar atentamente a vida que há no meio natural e suas manifestações, aprenderemos a ler o “Livro da Natureza”, como os nativos podiam perceber através da conexão com o Todo e aquilo que realmente é sagrado. Aprendendo lições de todos os reinos onde há vida, tornam-se capazes de elevar a consciência ao se relacionar com outras realidades e dimensões, assim como de manter plena harmonia com o meio ambiente, possibilitando a total integração do ser humano.

Em algumas correntes modernas há as que se utilizam das plantas de poder ou medicinas sagradas (ayahuasca, rapé, amanita muscaria, etc.) para se alcançar estados alterados de consciência; apesar de fazer parte dessas tradições xamanistas, recomendamos cautela quanto ao uso e, principalmente, com quem as conduz.

O animismo não é uma religião e sim um conjunto de métodos, noções e práticas de alteração, ampliação e percepção da consciência, ordenados para obter um contato com o Outro Mundo ou com o mundo dos espíritos, através de técnicas e treinamentos específicos.

“O xamã se senta bem ao centro, de costas para a própria Árvore, que se ergue acima dele pelos mais profundos confins do espaço. Em seus galhos, as estrelas se agrupam em cachos, o Sol e a Lua orbitam sua copa dia e noite, deslocando-se por todos os tempos.”

A prática do Neoxamanismo utiliza-se do trabalho das rodas de cantos, o som dos tambores, chocalhos, ossos e pedras, ervas de poder, visualização dos animais totêmicos, cristais, direções sagradas, rituais, jornadas meditativas, contato com seres espirituais, ritmos, música, dança e movimentos corporais, conexão com os elementos da natureza, o cachimbo e o fogo sagrado, etc. Saberes antigos que promovem a purificação e o bem-estar.

Fonte bibliográfica:
O Universo do Xamã de John Matthews
Conhecimento Sagrado de todas as Eras – Mircea Eliade

Oração do Elementos

“Espaço Sagrado é a dimensão entre a exalação e a inspiração.
É o caminhar com beleza…
É o Céu na espiritualidade e a Terra no equilíbrio físico.”

Taliesin disse:
“Perfeito é o Caldeirão,
No refúgio da Canção,
Na esplêndida Presença.
Oferto leite e Orvalho,
Com bolotas de Carvalho
À Corte de Arianrhod.
No círculo das Estrelas,
Vivem as nove Donzelas,
Onde brilha o Caldeirão.”

Celtic Shaman’s Pack – John Matthews

Rowena A. Senėwėen ®
Adaptação e atualização em 24/09/2020.


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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.

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