Imbolg por Iain MacAnTsaoir

Nó Celta

Imbolg é o Festival de Bride. Conhecida em todas as terras gaélicas, com diversas variações do mesmo nome: Brid, Bride, Brigit, Brighid, Bríg, etc. Essas variações são o resultado da existência de vários dialetos diferentes da mesma língua. Uma das Deusas mais amadas entre as divindades célticas. A data do seu festival é dia 1 e 2 de fevereiro da era comum.

O autor favorito dos gaélicos escoceses de todos os tempos é Fiona MacLeod. Os seus escritos são difíceis de se encontrar hoje em dia. No entanto, se alguma vez houve uma pessoa tão hábil com as palavras e que evocou tanta emoção por meio da sua habilidade, foi ele. Certamente qualquer um pode notar em seus escritos, o amor que nutria por Bride. É apropriado que ele a tenha em tal estima. Leia a seguir trechos de várias de suas obras. Vemos neles não só a importância que atribuiu ao povo gaélico, mas também a sua ligação ancestral com o mês de fevereiro.

“Ouvi muitos contos de Bride, um dos seres mais amados e amplamente reverenciados no antigo panteão gaélico. Eles são das ilhas e podem ser ouvidos em alguns locais dos “Sgeulachdan Gaidhealach”, contos gaélicos que ainda são contados entre os marinheiros e os moradores das montanhas. “Brighid Bhoidheach”. Bride, a bela, eventualmente está em canções e hinos sazonais, pois os seus sinais são vistos ao longe nas areias cinzentas, na planície gramada dos prados, na trilha do vale, na rota branca do caminho, os habitantes da ilha sabem que o ano novo finalmente chegou, que a comida, o calor e a alegria estão vindo do sul. Em todos os lugares Ela é homenageada neste momento. “Là Fhèill Brìghde” até recentemente é um festival de alegria em todo o Oeste, das montanhas escocesas através da linha ferroviária Highland Line até as últimas margens cobertas de ervas daninhas da praia de Barra e Lews; indo até as Terras Altas da Escócia (Highlands).”

Cujo hálito é como aquela chama da canção flamejante; cujo nome secreto é o fogo e a cura da alma radiante. Portanto, Ela é a personificação divina que representa toda poesia. Em suas veias correm os elementos do ar e do fogo. Como alguém poderia esquecer que a qualquer momento, Ela podia apenas que se curvar acima dos mortos, e sua respiração e pulso voltariam acelerar o coração parado, o que era pó surgiria e ficaria feliz mais uma vez. Sim, a Bela Mulher de fevereiro ainda é amada, ainda é reverenciada.

Na véspera do seu feriado, Bride é convidada a entrar em casa. Velas são abençoadas e os augúrios muitas vezes feitos neste período. É a época em que os cordeiros nasciam. De Samhain a Imbolc era considerado inverno. Como havia poucas horas de luz do dia durante a estação do frio para se trabalhar ao ar livre, a família passava o tempo ao redor do fogo, fonte de luz, calor e comida quente. A lareira era o ponto de encontro do “seannachaidh” (contador de histórias) que, com o fogo da inspiração, narrava as histórias do seu povo. O fogo sagrado está fortemente associado à Bride. Seu nome se traduz como “flecha flamejante”. Um dos aspectos da Deusa é a poesia, a “chama da inspiração”. Outro termo dado a Bride é “a chama no coração de todas as mulheres”. Isso se relaciona com a autoridade absoluta da mulher em casa. Imbolc é um festival do fogo apenas para a família.

Durante o Imbolg, foi dada atenção especial ao fogo da lareira. Ao longo do dia ela era abastecida especialmente com madeiras específicas, para esperar a sua chegada. Um grande cuidado era tomado para controlar o fogo naquela noite, quando uma vara de Sorveira era colocada no centro do fogo. Na manhã seguinte, antes do Sol sair, o fogo era verificado na busca de sinais de uma bênção Dela. A marca em questão era uma forma que parecia com pegadas de um ganso ou cisne. Se a marca fosse encontrada, haveria um momento extremamente feliz para a família. As associações entre Bride e o ganso ou o cisne também são encontradas em alguns dos encantamentos da Carmina Gadelica de Alexander Carmichael. O livro “The Language of the Goddess” da Dra. Maria Gimbutas, ajuda a compreender o significado da “Deusa Pé de Pássaro”.

Uma variação desse costume é encontrada na Escócia, na véspera do dia de Santa Brigit. As mulheres da casa enfeitam um feixe de aveia com roupas femininas. Elas colocam a boneca em uma cesta chamada “Cama de Brigit” ao lado de um bastão fálico. Então, elas gritam três vezes: “Brid chegou, Brid é bem-vinda!” e deixam velas acesas no altar da casa a noite toda. Na manhã seguinte, elas procuram uma impressão no bastão e nas cinzas da lareira. Como na outra versão, se o sinal estiver lá, elas saberão que o ano será próspero e fecundo. Um costume semelhante também foi encontrado na Ilha de Man chamado de “Laa’l Breeshey”.

Ainda é comum na Irlanda encontrar pessoas fazendo Cruzes de Santa Brígida de junco ou palha. Acredita-se que seja “derivado de uma cerimônia pré-cristã relacionada com a preparação de grãos de semente para crescer na primavera” – The Irish Times, 1 de fevereiro de 1977. Faz parte de um antigo o costume chamado “Lá Fhéile Brid”, que começa com a coleta de juncos. À meia-noite eles são atados a pessoa designada para trazer os juncos sobre a sua cabeça, depois os traz até a porta e bate à porta. A “Bean na Tighe” (a dona da casa) manda alguém atender a porta. Quando o portador dos juncos entra, a “Bean na Tighe” diz a ele: “Fáilte leat a Bhrid” (Bem-vinda, Brigit). Na era moderna, quem entra responde: “Beannacht Dé ar daoine na tighe seo” (Deus abençoe o povo desta casa).

Portanto, isso pode ser facilmente reconstruído. As pessoas da casa começam a fazer as cruzes na forma da “Cruz Celta” de braços iguais, que sabemos ser um signo solar. Visto que o Sol para os antigos gaélicos e outros celtas era feminino (a luz era masculina), podemos dizer que o símbolo solar das cruzes de junco são a própria Bride. Quaisquer juncos não usados eram enterrados. Depois que os juncos eram feitos, a família festejava. No dia de Imbolg, as cruzes feitas no ano anterior são queimadas e as novas penduradas na casa e em outros locais da família. Elas devem ser queimadas e não descartadas de maneira aleatória ou profana.

Ainda é comum encontrar poços atribuídos a Ela. Tal como acontece com os outros dias do festival, também é comum encontrar pedaços de pano ou peças de roupa inteiras presas a árvores próximas a eles após a celebração. Parte do folclore sobre o clima nas terras gaélicas, diz que o tempo claro em Imbolg prenuncia mais inverno, enquanto o clima severo mostra que o inverno acabou. Ao todo, este é um festival para o clã ou a família se reunir em torno da sua lareira e festejar. Este é um festival familiar do lar e da lareira.

Tradução livre. Texto revisado e atualizado em 02/02/2022. Publicação original: Clannada na Gadelica.

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.

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