2. Cosmologia

Nó Celta

O mito da criação e as leis que regem o universo estão presentes em várias culturas, mas, entre os celtas, essa ideia se perdeu pelas espirais do tempo, ressoando apenas através da sua iconografia sagrada, tal como um círculo ou um nó celta, sem começo e nem fim.

Na visão indo-europeia o cosmos é como uma estrutura que se baseia num centro ordenado em oposição ao caos, interagindo constantemente entre si. Muitas vezes, essa cosmologia é representada como uma grande árvore ou uma montanha com uma árvore cercada pelo mar, evocando assim a imagem de uma ilha. Esse mito está muito bem preservado, principalmente, na tradição nórdica.

Isso nos faz lembrar do livro “Mito do Eterno Retorno” de Mircea Eliade, onde ele diz: “Portanto, o centro é o âmbito do sagrado, a zona da realidade absoluta. De modo semelhante, todos os demais símbolos da realidade absoluta (árvores da vida e imortalidade, fontes da juventude, etc.) encontram-se situados em lugares centrais. E, se o ato da criação, realiza a passagem daquilo que não é manifesto para o que é manifesto, ou, falando cosmologicamente, do Caos para o Cosmo, onde a Criação teve seu lugar a partir de um centro, consequentemente, todas as variedades do ser, desde o inanimado até o vivente, podem alcançar a existência apenas numa área de domínio.”

Este centro reflete o princípio de que todas as coisas convergem em torno dele e se expandem formando uma tríade sagrada que, na visão céltica pode ser descrita como os Três Mundos: Submundo, Mundo Intermediário (Terra Média) e Mundo Celestial.

Essa triplicidade está bem definida, por exemplo, no Ciclo Mitológico Irlandês, que remonta as histórias dos Deuses Celtas e as origens míticas dos povos que dominaram a Irlanda. Os contos são centrados, principalmente, nas Tuatha Dé Danann e sua chegada à Irlanda até os Milesianos.

O que mais me fascina nisso tudo é que não há uma distinção do que está acima é melhor do que está abaixo, ou seja, tudo flui em torno desse eixo central conectando-nos nesta maravilhosa teia da vida. O centro também pode ser visto como o fogo, a inspiração poética ou a grande canção, a Oran Mór – conceito moderno baseado no folclore escocês descrito por Frank MacEowen; a melodia e a vibração da criação que nos leva ao Outro Mundo, a respiração primordial, que nos lembra as ondas do mar e nos inspira ao longo da caminhada. Tal como descreve Tolkien no livro Silmarillion.

Particularmente, gosto deste conceito da melodia poética que vibra como música aos nossos sentidos, tão familiar como a batida do coração no ventre materno ou como o som das águas fluindo sob a terra sagrada, talvez, uma forma de silenciar a mente durante a meditação.

Que tal parar um pouco, respirar fundo e ouvir a canção que move o seu mundo? Sláinte!

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo
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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.

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